terça-feira, 29 de março de 2011

Lufat é entrevistada por Luiz Penna

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As cores e palavras de uma artista

outubro 12, 2009
Como uma personagem de Marcel Proust (1871-1922) do seu livro ‘Em Busca do Tempo Perdido’, Lufat adentrou nas trilhas do passado, remontou passagens da sua infância e adolescência, para encontrar os meios necessários para desenvolver o seu projeto artístico.

Bacia nossa de cada dia,
não nos deixeis sem movimento,
sem salto,
sem salto alto.
A cada dia, a cada hora de nossas vidas.
Amém!

Bacia de prata.
Bacia de ouro.

Esse é um dos textos da escritora e artista plástica Luíza de Fátima Pereira Guércio, ou melhor Lufat [seu nome artístico], que se chama Prata Vale Ouro. São palavras que fazem parte do seu caldeirão de criatividades, inseridos em processos dimensionalmente distintos.

Natural de Rio Pomba, Lufar é formada em jornalismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Com o diploma nas mãos se mudou para Cataguases [sua residência atual] onde se especializou em pedagogia pela FAFIC, resolvendo militar dentro da sala de aula.

“A cidade de Cataguases não tinha campo para o jornalismo. A minha decisão de mergulhar como pedagoga foi um ato ideológico, pensado, estruturado no princípio do fortalecimento do humanismo e do capital social”, disse Lufat.

Até 2003 a rotina de Lufat era corrida, sem muito tempo para questões de ordem pessoal. Um acidente na BR-040, próximo de Carandaí, mudaria esse percurso. “Foi uma coisa terrível. Fiquei muito tempo na cama com algumas cirurgias pelo corpo. Até hoje estou fazendo tratamento. Mas, por outro lado, essa situação me fez refletir com profundidade sobre a minha existência. Eu teria duas opções. Me tornaria uma mulher com rancores da vida ou daria a volta por cima. Escolhi a segunda, coloquei o pé na estrada novamente. Desta vez tendo como instrumento a literatura e a pintura”.

Como uma personagem de Marcel Proust (1871-1922) do seu livro ‘Em Busca do Tempo Perdido’, Lufat adentrou as trilhas do passado, remontou passagens da sua infância e adolescência, para encontrar os meios necessários para desenvolver o seu projeto artístico. E grande parte desse projeto aconteceu em Barbacena, onde ficou hospedada na casa da irmã para se recuperar, no bairro Vilela.

“Foi uma época de introspecção. Aprendi em Barbacena, como não poderia ser diferente, a curtir a suavidade da sua luminosidade espetacular. Durante esse tempo eu observei os detalhes das suas cores, o nascer do sol e a seu maravilhoso por do sol. Mas nesse período não deu para criar uma relação pessoal com a comunidade. Estava me recuperando do acidente e começando a desenvolver os meus projetos pictóricos”, diz Lufat.

Volta por cima
“Quando criança, eu tinha uma relação muito íntima com a tinta e com as palavras. Toda essa transformação de trajetória foi possível exatamente porque já havia me debruçado nestas experiências lúdicas da cor, do desenho e das letras. Essa catarse me despertou e me abriu a alma, instigando novas leituras, sobre a essência da nossa condição humana”, comenta Lufat, que tem grande admiração pelos pintores Salvador Dali, Joan Miró, Edvard Munch, Wassily Kandinsky, Henri Matisse e outros. “Na literatura gosto muito de Lígia Fagundes Teles, de Mário Quintana, de Carlos Drummond de Andrade. Na verdade a literatura é muito ampla, assim como as artes plásticas. Mas esses são alguns nomes marcantes na minha vida de artista”.

O primeiro projeto realizado por Lufat foi a elaboração de uma obra pictórica poderosa [parte desse trabalho foi produzida em Barbacena], com amplos quadros a serem admirados e decifrados pelo público. Cada um deles traz um pensamento, uma espécie de bônus conectivo, que alimenta a imaginação do expectador, faz repensar conceitos e desestrutura as insuficiências das convenções com os seus olhares viciados.

“Todos os textos são complementos das imagens criadas por mim”, explica Lufat que também é uma crítica em relação aos descasos com a arte. “As empresas, a sociedade civil, o governo precisam entender a função da arte na vida das pessoas. Ela é capaz de transformar e de revolucionar o homem”.

Voltemos ao projeto artístico de Lufat. A segunda construção, digamos assim, é o livro Frente e Inverso (poemas ilustrados). Bem elaborado, o livro traz um projeto editorial elegante. “? com esse meu trabalho que se chama ‘Portas Abertas’, que me permite valorizar o fortalecimento da memória. Pois é um meio de expandir a minha obra de uma maneira mais democrática”, diz a artista Lufat que tem apresentado as suas pinturas e textos por várias cidades do país.

Questionada quando fará uma exposição em Barbacena, ela responde: “Gostaria muito de apresentar o meu trabalho ao público barbacenense, pois afinal a cidade foi uma grande escola para mim. Quem sabe um dia”.


LINK: http://luizpenna43.wordpress.com/2009/10/12/as-cores-e-palavras-de-uma-artista/

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