A vida presa, apresada. A vida-pressa, apressada.
Um acidente fez Luiza voltar à adolescência e (se) reencontrar com o (seu) mundo interior/exterior. A vida (de) volta. Voltar a pintar e ver; descrever a vida.
Agora Luiza é Lufat, Lufadas. Tudo uma só coisa, pincel, palavras, vida, vida apressada, apressada, como se apressadamente se apresse o tempo.
Tudo, tudo de novo, por essas infinitas janelas às vezes nubladas por violetas entristecidas. Ficou a memória, a mecânica do pintar que volta, automática, esse andar de bicicleta que não se esquece jamais.
Depressa, depressa, que a vida já lá vem e vai, apressada.
A vida-expressa. Palavras-cores. São poemas ilustrados, esses. Telas legendadas, essas de Lufat. Palavras-tecidos. Palavras-colagens. Mundo que (se) pinta e se (d) escreve.
Mas agora tudo é (de) novo e diferente. A tinta a óleo não mais responde à urgência do expressar-se. A idéia mão corre anais que o tempo. Semear (a tinta viva) é mais rápido que secar (a vida-tinta). A tela a vida urge. “Um piscar de olhos”. Só o acrílico responde à rapidez dessa escrita pictórica, apressada, descompassada.
“Um monte, um montão, um punhado, uni dedal de tempo”. Depressa, depressa, que a vida já lá vem e vai, apressada. “Uma volta, volta e meia, mil voltas, volta por cima”. Vida-ciranda.
“Vida/ chamo/clamo/agarro nos elos de sua corrente”. É preciso se jogar, é preciso pintar, é preciso escrever a vida, é preciso. Na bandeja o infinito/ de bandeja pra você”
É preciso olhar o mundo. ”É Rio Pomba/É Belô/ É Barbacena/Vou pintar vocês”. É preciso pintar assim, sem esboço, sem traço anterior, sem mapa do caminho.
Pintar é assim é descrever-se. Descobrir-se. É preciso apressar essa angústia e semear com a mão pincel antes que o tempo seque.
É preciso pressa para apressar o tempo. “Esse caldo grosso/ osso duro/ de grosso/ não passa na peneira”. Coisa doida, vida.
Tempo de secar não há. Só o de semear.Luiza Lufat.
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